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Hipertensão aumenta o risco de complicações com o coronavírus
Quinta - Feira, 14 de Maio de 2020
Hipertensos e portadores de doenças cardiovasculares devem reforçar medidas de prevenção, como se distanciar socialmente
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A primeira morte confirmada no Brasil por Covid-19 foi a de um homem de 62 anos com hipertensão e diabetes, em São Paulo. E portadores de ambas as doenças integram o grupo de risco para desenvolver sintomas mais graves após a infecção, segundo estudos chineses compilados em um artigo publicado no renomado periódico The Lancet.

Para a chefe de unidade de saúde, Yesenia Medina, sabe-se que portadores de doenças crônicas têm maiores possibilidades de contraírem vírus que prejudicam os pulmões, como a influenza, e sofrem mais com as complicações dessas infecções.

“No caso da hipertensão, havia uma teoria extra: a de que os medicamentos para pressão alta favoreceriam a ação do novo coronavírus. Mas estudos começam a descartar essa hipótese. Três pesquisas sérias não encontraram uma relação entre essas medicações e o agravamento de casos de Covid-19. Pode ser que os pacientes com a pressão arterial descontrolada, ou que já tenham algum problema por conta dela, estejam mais em risco apontam alguns infectologistas da Sociedade Paulista de Infectologia. Ou seja, não é para abandonar o tratamento por causa do novo coronavírus pois esses remédios são fundamentais para tratar hipertensão e insuficiências cardíaca”, explicou Medina.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda que os hipertensos reforcem medidas de prevenção, como se distanciar socialmente. O que vale, aliás, para portadores de doenças cardiovasculares no geral.

– A mortalidade média da Covid-19 para a população em geral é de cerca de 3%, variando consideravelmente de país para país. Nos portadores de doenças cardiovasculares em geral, a taxa salta para 10,5%. Além dos hipertensos, entram na lista de atenção extra indivíduos que já tiveram infarto ou derrame, possuem obstruções nas artérias, insuficiência cardíaca, placas de ateroma ou outros males no peito –, destacou Medina.

Normalmente, o cardiopata tem um endurecimento das artérias e outras alterações que comprometem o fluxo sanguíneo para o pulmão.

De acordo com Medina, uma circulação comprometida dificulta a chegada de anticorpos e células de defesa nos locais atingidos por infecções. “Não é um déficit no sistema imunológico tão intenso quanto o de pessoas em tratamento pelo câncer, por exemplo (outro grupo de risco para complicações), mas ainda assim é algo para ficar de olho”, disse.

No mais, doenças como hipertensão e diabetes acometem o mesmo indivíduo, e isso poderia comprometer ainda mais as defesas do organismo contra infecções, como o coronavírus.

Medidas de prevenção geral

– Intensificar medidas de prevenção, como a higienização constante de mãos e o distanciamento social

– Manter rigorosamente uma rotina saudável. Alimente-se bem, tenha um sono regular, faça exercício de maneira moderada (cuidado com as academias e esportes coletivos) e evite cigarro e álcool

– Priorize cuidados e tratamentos para o coronavírus de acordo com a presença ou não de doença cardiovascular

– Incluir o cardiologista no time de cuidados dos pacientes críticos

– Monitorar com exames a saúde cardíaca de casos confirmados ou suspeitos com sintomas
Fonte: André Piovesan/Ascom
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